Moléstia Canônica

Amor amargo, farpa escura da ilusão. Sentimentos atropelados e inundados de paixão. Abram os portões e libertem o opressor. Entregue sua alma àquele que te engana, afinal, o que mais vale... Um tiro no peito emudecido pela loucura ou a verdade que lhe rasga os olhos e sangra desgostosa? Seus planos foram frustrados, dilacerados e emoldurados como peças de um quebra-cabeça sem solução. Devia confiar naquele que te fez sorrir, mas preferiu costurar a boca ponto-a-ponto como um não. Boneca de pano que vive de esmolas de um rei felpudo, entregue às traças e a espera de um fantasma, de um norte escuro. Luzes de estrelas lhe mostraram o caminho, a fizeram provar o mel que lhe faz jus, mas preferiu - tola que é - beber o fel como um vinho. Destrua o que puder dos que te querem bem, absorva tudo que lhe oferecerem sem pestanejar, mas devolva a mentira com gosto de sangue nos lábios a cada beijo bipolar. Seu vestido alvo deveria ser a esperança. Em prantos, diz viver o fim dos tempos, mas jamais deixará o sarcasmo, ó vil criança. Dama expurgante da insanidade, já não é humana. Bestial de Nice, toma os telhados e avança sobre seu alvo, arranca-lhe o coração e devore sem pena, brinque com seus olhos e roa seus ossos, expurgue sua dor em fome de ódio - é o que faz e fará. Se entregue enfim ao seu destino. Mergulhe no mar e morra santa, não virgem. Salgada pela culpa, doutrinada pela maldade, mas sempre fiel a seu ardor. Com muita dor e vergonha digo a verdade, quando se for amor... Serei saudade.

Nenhum comentário: